Apontado como um dos modelos de gestão mais eficientes na atualidade, o Fortaleza vive uma verdadeira “lua de mel” com seu torcedor por conta da escalada que o Leão do Picci vem empreendendo desde 2017, quando Sergio Papelin (foto) retornou ao clube após 7 anos e assumiu o cargo de executivo de futebol. Além dos resultados em campo, o clube tem alcançado outros objetivos, que segundo o dirigente são frutos da união de forças dentro da equipe que busca se consolidar com uma grande força do futebol nacional.
O atual modelo de gestão começou a ser desenvolvido em 2017, quando Sérgio Papelin retornou ao clube de onde tinha saído em 2011. “Um dos motivos que me levaram a sair foi a desunião, a vaidade das pessoas, situações onde muitos torciam contra a quem estava frente do clube que estava na Série C a muito tempo e não conseguia sair. Ai tive passagens por Paysandu/PA e Luverdense/MT que culminaram com acessos a Série B nacional, enquanto o Fortaleza só fazia lutar, mas não chegava. Tentaram me trazer de volta, algumas vezes, mas eu não aceitava por conta das ingerências”, lembra.
O retorno ao clube cearense aconteceu depois de uma ligação do então presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Desidério. “Já queria voltar por conta dos meus pais terem certa idade, minhas filhas estarem precisando de mim e aí aceitei o convite. Na época o Marcelo Paz (atual presidente) era diretor de futebol e acertou tudo. Pouco tempo depois o Luiz Eduardo Girão assumiu o clube, conseguiu agregar, unir os ex-presidentes e isso tudo contribuiu para a criação de alternativas que geraram recursos aí montamos o projeto que levou o time da Série C para a Série B”. recorda Papelin.
A CHEGADA DE ROGÉRIO CENI
Com o acesso, o então técnico Antônio Carlos Zago recebeu uma proposta do Juventude/RS e não permaneceu no Fortaleza. “A gente começou a pensar em nomes e o Marcelo Paz disse que o treinador teria que ser alguém que tivesse vontade de vencer, um nome novo que quisesse se estabelecer no mercado. Foi aí que ele disse ‘Rogério Ceni’. Mas na mesma hora ele desistiu porque entendia que estava fora da realidade. Só que eu fiquei com aquilo na cabeça e na mesma hora chamei o Bosco (treinador de goleiros) que já tinha trabalhado com Rogério e ele me passou o contato”, disse Papelin. “Liguei algumas vezes, mas sem sucesso e aí deixei uma mensagem, mas não me identifiquei. Ele viu a mensagem e ligou para o Bosco e disse ‘rapaz, ligaram daí de Fortaleza, foi você quem passou o contato?’. Diga ao pessoal que vou estar aí para participar de um evento e a gente pode conversar”, complementou.
Com a vinda de Rogério Ceni aconteceu o começo das conversas. “Era um sábado, fomos eu o Bosco e o presidente conversar com ele, no outro dia foi conhecer as dependências do clube, gostou e aí teve mais umas reuniões até confirmar a sua vinda. Ele veio e aí conseguimos montar a estrutura, trazer os jogadores e assim montamos a equipe que trouxe tantos resultados que marcaram a história do clube”, conta o dirigente.
Rogério Ceni a frente do Fortaleza foi campeão estadual, campeão da Copa do Nordeste e da Série B em 2018. No ano passado, o comandante aceitou a proposta para dirigir o Cruzeiro e deixou o time cearense. “Trouxemos o Zé Ricardo que é excelente técnico, mas não houve adaptação e depois de alguns resultados que não foram bons, o presidente resolveu trocar de treinador. Coincidiu que o Rogério estava saindo do Cruzeiro e aceitou voltar, graças ao bom relacionamento que ele construiu com todos aqui. Ele veio e ainda conseguiu classificar a equipe para a Copa Sul-Americana”, observa Papelin.
O TORCEDOR É UM GRANDE PARCEIRO
A sequência vitoriosa trouxe outros impactos para o Fortaleza, que tinha 5 mil sócios em 2017 e atualmente já bate a casa de 35 mil sócios-torcedores, além da concretização do licenciamento da marca em 2015. “Este é o grande aporte que nós estamos encontrando porque com esta questão da pandemia, a situação financeira complicou um pouco em relação às despesas, mas quando se faz um trabalho sem vaidades, com tudo sendo canalizado em prol do clube é lógico que a credibilidade vai lá para cima e isso reflete na grande quantidade de sócios”, observa Sérgio Papelin.
Os resultados, de acordo com o executivo, mostram a força do futebol do Nordeste. “Além do Fortaleza tem outras equipes com projetos interessantes e que caminham assim como o nosso para a consolidação. Queremos um título nacional, mas para chegar ao objetivo temos que trabalhar muito, nos estruturar mais ainda porque tudo isso faz com que caminhemos bem para nos consolidarmos como força nacional e os títulos serão consequência deste trabalho”, argumentou Sergio Papelin.
Por Cristiano Alves