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Para Laelson, limitação na troca de técnicos quebra paradigmas no futebol

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Uma das novidades do Campeonato Brasileiro este ano é a limitação na contratação de treinadores por parte das equipes. A proposta defendida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)foi aprovada por maioria e valerá tanto para clubes que queiram demitir seus treinadores quanto para técnicos que peçam demissão de seus times. O clube começará o Brasileirão com um técnico inscrito e, caso demita este treinador, poderá inscrever apenas mais um técnico. Em caso de segunda demissão, o profissional substituto tem que estar trabalhando no clube há pelo menos seis meses. Em caso de pedido de demissão por parte do treinador, o clube não sofrerá limitação para inscrever um novo técnico.  O técnico, uma vez inscrito no Brasileirão por um clube, só poderá se demitir uma vez, caso queira treinar outra equipe que dispute a competição. Se pedir demissão novamente, ele não poderá ser inscrito por outro time. Se for demitido pelo clube, o técnico não sofrerá nenhum tipo de limitação quanto à sua contratação por um novo time.

Com experiência, inclusive em clubes europeus, o treinador Laelson Lopes (foto), que a pouco tempo estava na Unirb e no momento se encontra dirigindo o Vitória de Santo Antão/PE,  vê como positiva a limitação na contratação de treinadores ao longo de uma competição. Ele entende que a medida será o ponto de partida para a desconstrução de algumas práticas que pareciam ser perpétuas no futebol nacional. “De sã consciência, o treinador de futebol precisa de um tempo mínimo de implantação e adaptação do seu trabalho. Não há como em duas, três semanas se ter os resultados planejados, principalmente em termos de conhecimento do plantel, as suas particularidades e potencialidades. O grande problema hoje é o tempo que se tem para montar um time, além de fazer ajustes nos treinamentos e os resultados possam aparecer com a bola rolando”, afirmou.

Um dos pontos que Laelson Lopes acredita que deverá sofrer alteração é o planejamento das equipes. “Existem muitas questões em jogo: a competição, o regulamento, o tempo de preparação, o perfil administrativo de cada equipe, a estrutura são alguns aspectos que devem ser bem estudados tanto por dirigentes como por treinadores. Atualmente existe um atropelo de situações que muitas vezes são ofuscadas com os resultados positivos, porém existem as discrepâncias e não se pode passar por cima disso assim”, declara o técnico. “Por exemplo, eu já vivi algumas situações como a de ser demitido invicto em uma equipe. Já teve outra situação, não comigo, de um treinador ter sido comunicado da sua saída, nem acertar a sua vida financeira e já ter outro profissional trabalhando. Isso é muito complicando e depõe contra a imagem dos profissionais”, complementa.  

PARADIGMAS

Laelson Lopes acredita que a medida também estará quebrando outros paradigmas como o de ser o técnico, o “bode expiatório” dos insucessos das equipes. “Os resultados as vezes demoram a acontecer. Não somos mágicos, não temos varinha mágica e os triunfos são frutos do trabalho do dia a dia, que na verdade é uma consequência de um projeto, seguindo por um planejamento para então começar a parte executiva que é o trabalho em campo e os jogos. Se acaba com aquela ideia de que ‘é melhor mandar o técnico embora do que o time todo’. Os maus resultados podem ser uma consequência ruim de planejamento diretivo, que passa por uma série de questões que perpassam pela escolha do treinador, da comissão técnica e dos jogadores”, analisa.

O técnico acredita que aspectos de planejamento como o orçamento, a estrutura e o calendário passarão a ter mais evidência nesse novo cenário. “Haverá maior responsabilidade dos dirigentes na hora de contratar e por parte dos técnicos na hora de aceitar um convite. Muitas vezes você está bem em um clube e recebe uma proposta melhor, mas mesmo sabendo que nossa profissão é feita de oportunidades também cabe ao profissional levar em contas outras questões que muitas vezes se sobrepõem ao financeiro. Acredito que isso deverá acontecer desmistificando situações de que um profissional vai bem em uma agremiação enquanto em outra não”, comentou. “Não existe como voltar mais atrás e  hoje, cada vez mais se faz necessário o aperfeiçoamento, bem como se faz necessária a mudança de comportamento de dirigentes e treinadores”, complementou.

Por Cristiano Alves

Foto – Divulgação

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