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Para treinador medida ajuda, mas processo ainda carece de ampla discussão

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Um dos assuntos mais recorrentes no futebol brasileiro é a troca excessiva de treinadores durante a temporada. Buscando garantir maior continuidade de trabalho aos técnicos no país, a CBF com apoio da maioria das agremiações criou mecanismos para reduzir as demissões, porém os clubes apresentam resistência. Para o experiente treinador Luiz Carlos Cruz, a medida, apesar de válida, ainda não soluciona a situação dos treinadores que por sua vez precisam rever seus conceitos, principalmente os éticos.

Com passagens por clubes como Fluminense de Feira, Bahia, Doce Mel, Vitória da Conquista Fortaleza (CE), Ceará(CE), Joinville (SC), Chapecoense (SC), Náutico (PE), Sergipe, Confiança, Itabaiana e até clubes no exterior, Luiz Carlos Cruz, atualmente no FC Cascavel/PR, coleciona títulos e bons trabalhos nas agremiações que dirigiu. Porém a experiência não significa a garantia de emprego e o profissional chegou a estar por algum tempo fora do mercado. “Hoje o histórico e o currículo do profissional pouco contam. O que conta é o Q.I, ou seja, por que isso acontece? Porque hoje os empresários é que dominam a situação. Os clubes, exceto os grandes, não têm definido um perfil de técnico, contratam por indicação, que sinceramente é um absurdo”, desabafa. “O mínimo que os dirigentes deveriam fazer era uma entrevista com o profissional, analisar o perfil, currículo dentre outros aspectos para ver se pode ou não encaixar. Então, quando você vê uma medida dessa é complicado acreditar que vai ser a ‘salvação da lavoura’. Ajuda, porém, as mudanças devem ser ainda mais profundas”, complementa.

Luiz Carlos Cruz vai mais além e garante que existem outros absurdos como por exemplo a questão dos cursos de treinador promovidos pela CBF. “Por exemplo, um técnico que já tem um histórico de conquistas, de bons trabalhos não deveria se submeter ao curso para ter certificado de capacitação. Para se ter uma ideia, o profissional para a Série A tem que desembolsar R$ 40 mil. Nem todos podem dispor deste valor e ficam impedidos de trabalhar? Pera aí isso é complicado e precisa ser revisto porque estamos entrando aí na questão do preconceito em relação àqueles profissionais que trabalharam duro, construíram uma história e precisam passar por este tipo de situação. Não tenho a Licença A, mas isso indica incapacidade? Acredito que não”, afirmou.

ÉTICA

Atualmente Luiz Carlos Cruz está dirigindo o FC Cascavel do Paraná e acredita que os treinadores devam rever seus conceitos éticos. “Os técnicos precisam rever e deixarem por exemplo de se oferecem. Quem é competente trabalha e esse lance de ficar ligando para empresários e dirigentes forçando situações tá por fora. A ética tem que prevalecer: imagina, você treina o Corinthians, daqui a pouco o Flamengo, depois volta para o Palmeiras numa mesma temporada? Essa questão pode dar uma regulada com a lei, mas volto a afirmar que todo o processo precisa ser revisto, repensado”, declara Luiz Carlos Cruz.

Por Cristiano Alves

Foto  Divulgação

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