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Persistência e perseverança foram as armas para jovem executivo alcançar o sucesso

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A persistência e a perseverança sempre estiveram presentes na vida do jovem Ítalo Rodrigues, que depois de tentar uma carreira como jogador, não desistiu do futebol e seguiu buscando o sonho de seguir trabalhando com o esporte que tanto ama. Ele então começou uma escalada que o elevou de gandula a executivo de futebol no Clube Náutico Capibaribe e assim se tornou o gestor mais jovem do Brasil a conquistar um título nacional: campeão brasileiro da Série C.

Como não conseguiu a carreira dentro de campo, em principio, Ítalo buscou a carreira como treinador e foi assim que chegou às divisões de base do Náutico, aos 26 anos, após bater em outras portas. “Consegui um estágio de três meses no sub-15. Passei dois meses e meio só correndo atrás de bola que ia parar no mato, mas ainda tinha a ideia de seguir a carreira de treinador”, conta ele.

Em oito anos no Náutico, ele desempenhou diversas funções. Além do início como gandula dos treinos da categoria sub-15, também foi auxiliar, secretário e supervisor. “Eu comecei ajudando nessa parte burocrática e assim fui começando a conhecer os departamentos, o funcionamento de cada área e isso foi muito importante para o enriquecimento do meu conhecimento”, disse Ítalo Rodrigues.

O conhecimento da estrutura organizacional do Náutico foi preponderante para que ele em 2016 assumisse o cargo de executivo, inicialmente de forma interina, sem ter autonomia para tomar decisões, implantar filosofias, situações que até então eram tratadas exclusivamente pela direção estatuária. Negociar com jogadores, empresários, atletas, contratar treinador e ter bom desempenho em um clube tradicional, mas que há muito tempo não tinha bons resultados. Isso sem ter sido jogador, não possuir história no Náutico e ser mais jovem do que alguns atletas do elenco. “Preconceito é algo que sinto na pele até hoje. Pela minha idade, por não ser um nome conhecido, por não ter sido ídolo do clube. Geralmente esse é o perfil de diretor ou executivo que os times buscam, não o meu. Tive de provar várias vezes que poderia dar resultado”, afirma o gestor.

A VIRADA

Com a entrada de uma nova diretoria, no final de 2017, o futebol sofreu uma grande transformação, com a implantação de uma nova filosofia.O olhar geral fez com que Ítalo Rodrigues montasse a estrutura organizacional do clube, que voltou a jogar no estádio dos Aflitos, antiga reivindicação da torcida.
A ele também é creditada a volta do Náutico ao local construído em 1939 e casa histórica da equipe. A preferência até então vinha sendo pela Arena Pernambuco, inaugurada para a Copa do Mundo de 2014. O projeto sempre foi do presidente Edno Melo, que fez do retorno uma das promessas de campanha. “Sabíamos que o Náutico tinha uma estrutura, mas pode se dizer que começamos do zero: tivemos que fazer ajustes, cortar gastos, demitir funcionários e assim fomos arrumando a casa, montando uma base e os resultados foram consequência deste trabalho”, disse Rodrigues.

O acesso a Série B do Campeonato Brasileiro poderia ter acontecido em 2018, mas na fase decisiva, o Náutico foi eliminado pelo Bragantino/SP, hoje Red Bull Bragantino, mas o trabalho persistiu e no ano passado não só veio a classificação para a 2ª divisão, mas o título da 3ª divisão. “Eu sinto que os títulos são respostas do que sempre tentei convencer as pessoas no clube: é preciso ter critérios definidos de trabalho, perfis definidos de jogadores e treinador. Para conseguir o acesso foi preciso trabalhar a médio prazo, o que não é fácil no futebol”, afirma o dirigente.

SEGUINDO EM FRENTE

Apesar do sucesso, Ítalo Rodrigues acredita que ainda há muito a ser feito no Náutico. “Ainda temos que buscar a profissionalização total no clube. O futebol profissional foi um passo e as divisões de base já começam a seguir o mesmo caminho porque outro executivo, o Carlos José (Araújo) que estava no Salgueiro, foi contratado para trabalhar só com a base. Muito competente e com certeza vai somar muito com o que estamos imaginando para o futebol, pois a divisão de base ainda é um importante canal dentro de qualquer clube de futebol”, afirma Rodrigues. “O trabalho é constante, não podemos parar no tempo e se quisermos conquistar mais e mais sucessos, temos que estar sempre em busca de aperfeiçoar o que já existe de bom, mudar o que for ruim. É assim que as coisas caminham”, complementa.
Como executivo que acredita ir na contramão do mercado por não ter sido jogador famoso ou ostentar passado relevante no futebol, ele opina que vários clubes cometem o erro de contratar técnicos apenas baseados no nome, sem qualquer outro critério relevante. Nos grandes do país, a fama pode ser o mais importante. Para Ítalo Rodrigues, isso é um fator irrelevante, e ele usa a sua própria história para mostrar isso. “O futebol é um jogo de xadrez. A gente vê equipes levando treinadores só pelo nome e para dirigir um elenco com perfis de jogadores montados por outro profissional. Se ele não souber jogar com as peças que têm, não vai conseguir nenhum resultado, e tem treinador que só sabe trabalhar com as peças dele”, afirma.

Por Cristiano Alves

Foto – Leo Lemos/Náutico

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