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Zelito: o “Magrinho Elétrico” que deixou muitas saudades no Flu de Feira

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Um dos jogadores de passagem marcante entre os anos 80 e 90, pelo Fluminense sem sombra de dúvidas foi o volante Zelito que durante 11 anos atuou pelo tricolor feirense praticamente de forma ininterrupta e até hoje é lembrado pela forma ágil, elegante e precisa como jogava na meiuca feirense. Oriundo de uma família de futebolista, ele teve passagem pelo futebol amador e jogou em clubes como Vitória, Catuense, Náutico, ABC, Inter de Limeira, dentre outros, porém a história que construiu no Fluminense foi marcante.

Joselito da Conceição Pereira, o Zelito, seguiu os passos do irmão Edinho Jacaré e já no final dos anos 70 jogava futebol amador. No começo dos anos 80 foi convocado para jogar o Intermunicipal pela seleção de Feira de Santana e daí para o Fluminense foi uma sequência.  “É uma história bacana porque eu jogava no Flamengo de Michelinho e naquela época eu fui disputar o Intermunicipal de 1981. Chegamos bem, fomos 3º lugar com a seleção de Feira e o professor Veraldo Santos me viu jogando e me levou para o Fluminense em 82. Lembro que ele brigou muito para que eu fosse e ai foi feita a negociação: eu fui para o Fluminense em troca de pares de chuteiras”, conta Zelito.

No Touro do Sertão, o futebol refinado e elegante se destacou e ele ganhou um apelido que carrega até hoje: o “Magrinho Elétrico”, dado pelo consagrado locutor esportivo Itajay Pedra Branca. Foram anos marcados por tristezas e alegrias, onde teve oportunidade de participar de grandes momentos pelo Touro do Sertão como as decisões dos Campeonatos Baianos de 1990, contra o Vitória, e 1991, diante do Bahia, e a finalíssima do Campeonato Brasileiro da Série C de 1992 enfrentando a Tuna Luso/PA.

BRASILEIRO

A decisão de 1992 foi marcante para Zelito porque era a terceira decisão em três anos que ele era um dos protagonistas: em 1990 e 1991, ele conquistou dos vice-campeonatos baianos e perseguia aquele título que seria inédito na história do clube. Outro fato é que dentre os demais atletas que estavam em campo, também estava o seu irmão Edinho Jacaré que quatro anos antes havia sido campeão brasileiro em 1988 jogando pelo Bahia. “A gente queria fazer história, principalmente porque era o Fluminense, onde começamos e até chegar a decisão passamos por muita coisa: tivemos uma verdadeira guerra em Arapiraca/AL contra o ASA e vencemos; viajamos mais de 22 horas de ônibus para encarar o Rio Pardo/ES e eliminamos dentro do Paraná o Matsubara. Chegamos com méritos e queríamos o título”, lembra.

Zelito ficou de fora da partida de ida contra a Tuna Luso, mas viu o time abrir uma vantagem de 2 x 0 com gols de Acácio e Ronaldo. “Tava suspenso pelo terceiro cartão amarelo, mas os colegas dentro de campo mandaram bem e a gente tinha a confiança de ir para a decisão com tudo mesmo para levantar o título. A Tuna era forte, mas não era imbatível e era nisso que a gente confiava”, conta.

Depois de uma semana corrida buscando conciliar treinamentos com a busca por passagens aéreas para que a delegação pudesse ter uma viagem mais confortável, finalmente o time chegou a Belém. “Tudo foi feito para desestabilizar a gente: serviram somente sopa no jantar, depois de uma viagem desgastante. No outro dia, no estádio quando chegamos fomos apedrejados, fomos achincalhados, alguns colegas foram agredidos com tapas, colocaram a gente para passar no meio da torcida para chegar ao vestiário, foi uma guerra, mas buscamos superar isso em campo”, afirma.

O Touro foi a campo e com apenas 15 minutos sofreu um duro golpe: Zelito foi expulso e o esquema do professor Veraldo Santos ficou desestabilizado. “Eu me lembro foi num lance com o meio-campista Dema. Ele tava chegando duro e isso aconteceu por mais de uma vez, até que com 15 minutos houve uma nova disputa e caímos os dois no chão e o juiz mau intencionado expulsou os dois. Pior para a gente porque o Dimas ficou sacrificado, mas ainda sim seguramos o jogo, chegamos a empatar a partida. Porém ai veio os dois gols e tudo terminava”, conta Zelito.

Para o ex-jogador faltou um trabalho melhor de bastidores por parte dos dirigentes. “A gente passou por muitas coisas, que se tivesse dirigentes mais experientes teriam sido evitadas. Faltou malícia para protestar diante da escalação do árbitro que era do Norte, deixaram as coisas muito a vontade e isso é que nos deixou mais tristes, principalmente aqueles atletas que moravam em Feira, tinham família, sabe? Foi duro demais”, comentou.

RECONHECIMENTO

Zelito ainda jogou mais um ano pelo Fluminense e depois seguiu carreira jogando em times como Ferroviário/CE; Náutico/PE, ABC/RN, Inter de Limeira/SP, Linhares/ES e já no começo dos anos 2000 voltou para a Bahia onde defendeu a Catuense, novamente, e encerrou a carreira no Vitória da Conquista. “A minha vontade era parar jogando no Fluminense, mas não houve acordo. Isso não é motivo para mágoas, eu tenho um grande carinho pelo clube e em especial pelo torcedor que até hoje lembra de mim e as vezes fecho os olhos e lembro do Joia lotado, a torcida nos incentivando, era lindo demais aquilo. É o que realmente ficou de bom”, afirma Zelito.

O ex-jogador espera em um futuro próximo ver o Fluminense vivendo outra realidade. “Apostar mais nos filhos da terra, tem muita gente boa por aí. Tem escolinhas que fazem trabalhos muito bons e meninos que precisam de uma chance. Espero de verdade que isso mude e mais Zelitos apareçam por aí”, observa Zelito.

Por Cristiano Alves  

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