O presidente do Bahia de Feira, Jodilton Souza, foi escolhido no começo deste ano para integrar a Comissão Nacional de Clubes, que ganhou maior relevância notadamente durante o processo da pandemia da Covid-19, onde se tem discutido o futebol, principalmente no que diz respeito ao futuro das agremiações de todo o Brasil. O dirigente classifica como um grande aprendizado a sua participação na Comissão, que se reúne de forma constante para analisar e deliberar ações com vistas ao retorno das atividades futebolísticas no geral.

Jodilton Souza confirmou que a Comissão Nacional de Clubes é composta por nove integrantes, mas durante os encontros, presidentes de clubes de Série A e B a convite da CBF acabam participando. “Isso acaba gerando discussões paralelas e ficam mais evidente pois cada um defende o seu interesse. O meu trabalho tem sido mais nos bastidores, buscando recursos, benefícios para os chamados pequenos. Agora mesmo estou ‘futucando’ algo mais para a Série D. Eu converso constantemente com Manoel Flores (diretor técnico), com Ednaldo Rodrigues (vice-presidente da CBF/Nordeste) e assim vamos abrindo caminhos”, explica.
CONVITE
O convite para integrar a CNC veio através de Manoel Flores e o presidente do Bahia de Feira, entende ser positiva a sua presença nesse contexto. “É importante porque vamos aprender mais e mais. Por exemplo, lá eu observo as discussões a cerca dos direitos de transmissão de TV e com certeza, vamos trazer isso para o nosso cenário para fazer melhores negociações pois da forma que vinha acontecendo a 10 anos é inviável e injusto para os clubes de futebol”, diz Jodilton Souza.
Pelo que tem acompanhado, o dirigente acredita que a questão TV pode sofrer uma grande mudança nos próximos anos. “Com as plataformas digitais o processo é diferente. Imagine um clube ter a sua própria TV transmitindo os seus jogos dentro e fora da cidade? Se você cobra R$ 5 R$ 10, quantas mil pessoas pelo mundo a fora vão ver seus jogos? O caminho é esse porque hoje a configuração permite com as TVs Smart, aliada a Internet de boa qualidade você fica no conforto de sua casa, com sua família, seus amigos e com uma qualidade semelhante a da TV convencional”, observa. “Hoje, por exemplo, se discute a venda do Campeonato Brasileiro por US$ 250 milhões, valor considerado baixo, sabe por que? Porque na Europa se fatura muito mais. O Campeonato Inglês, que encerrou na semana passada foi vendido por € 2,4 bilhões. Isto quer dizer que se pode arrecadar muito mais do que se paga”, complementa Jodilton Souza.
O presidente do Tremendão chegou a conclusão que as dificuldades existentes não um aspecto exclusivamente dos clubes pequenos. “As grandes equipes passam por dificuldades. Tem time aí que tá devendo R$ 500 milhões, o Corinthians, por exemplo está entrando no terceiro mês de salário atrasado, os clubes paulistas estão preocupados com os altos salários pagos a jogadores e por aí vai. Isso tudo é um reflexo da forma como o futebol é tratado e hoje não se cabe mais isso”, analisa. “Não mais espaço para coisas do tipo ‘só faço time se a torcida ajudar, se a prefeitura ajudar’… Isso não dá mais! Futebol é negócio e deve ser tratado como tal pelos seus dirigentes. Ou se muda o processo, ou infelizmente muitos clubes vão ser extintos e temos muitos exemplos aqui na Bahia. Que as pessoas possam refletir e criar alternativas, outros caminhos para sair da mesmice e evitar o fim de muitas equipes”, completa.
Por Cristiano Alves