Publicidade
Publicidade

“Nunca superei a perda daquela Série C”, diz Edinho Jacaré

5 Min de leitura

Quando se fala no futebol de Feira de Santana é impossível não se reportar a um dos expoentes que ajudou a escrever a história esportiva da cidade: Joselias Conceição Pereira, ou simplesmente Edinho Jacaré que ao longo do tempo acumulou grandes feitos como jogador, sendo o principal deles a conquista do Campeonato Brasileiro de 1988 pelo Bahia. Iniciou a carreira no Fluminense, onde em 1992 voltaria a jogar fazendo parte daquele time que emplacou uma campanha memorável no Campeonato Brasileiro da Série C superando diversas dificuldades indo a final contra a Tuna Luso. Era a “cereja do bolo” para que Jacaré “pendurasse as chuteiras”, porém em cinco minutos o sonho acabou e veio a frustração, que jamais foi superada pelo veterano.

Ao lado de Estevan, era Edinho o mais experiente do grupo comandado por Veraldo Santos, que tinha bons valores e muita identidade entre os atletas. “Eu lembro que tinha muita gente daqui mesmo de Feira como eu, Zelito, Neto, Itamar, Carlinhos, Marquinhos Suíço, Itamar. Augusto já tava no clube há um bom tempo, Dimas e Ieiê vieram de Riachão do Jacuípe. De fora tinha o Estevan e o goleiro Eugênio, que mesmo depois de perder o título queria ficar aqui, mas o Fluminense não teve condições de comprar o passe dele”, recorda Edinho. “O grupo não era numeroso, mas era bem unido, os caras eram comprometidos, sabe? Muitas vezes a gente ia para o campo, mas só a gente e a comissão técnica é que sabia o que se passava nos bastidores. Mas a gente não deixava transparecer e os resultados vinham”, complementa.

O ex-jogador lembra que o time passava dificuldades para trabalhar. “Cada dia o treinávamos em um lugar, treinava onde dava certo. A programação que se tinha era uma, depois mudava, era horrível. As viagens era de ônibus porque não se tinha ajuda, que somente apareceu quando passamos para as fases decisivas e mesmo assim para viajar para a final tivemos que ir para a rua, os comerciantes, os políticos para pedir passagens aéreas porque mesmo com bons públicos nos jogos era sempre complicado dinheiro no clube”, diz Edinho.

Para Edinho Jacaré aconteceram muitos erros que foram decisivos para a perda do título nacional. “As coisas foram acontecendo, acontecendo e de repente o Fluminense chegou aonde ninguém imaginaria. De verdade, eu acho que não imaginavam que a gente superasse tantas dificuldades e a falta de preparação foi clara: nos deixaram passar por situações como a falta de alimentação adequada, queriam nos mandar de ônibus para Belém, fora o desgaste que tivemos da incerteza da viagem de avião”, lembra. “Não ter uma arbitragem neutra foi outra situação, também a questão das especulações sobre irregularidade de jogadores. Tudo isso somou para que o nosso emocional ficasse abalado, mas superamos dentro de campo, tomamos um gol e ainda sim sustentamos a vantagem, empatamos, porém, tomamos dois gols e perdemos aquele título”, complementou.

Mesmo tantos anos depois, o ex-jogador se mostra informado com a derrota e classifica como uma dor insuperável. “Comecei nos anos 70 no Fluminense, depois saí e joguei no Bahia, porém Feira de Santana e o Fluminense são minhas raízes, sabe? Queria aquele título porque era uma forma de agradecer ao carinho, ao amor da torcida que naquele ano jogou com a gente, nos apoiou do começo ao fim lotando o Joia. É uma torcida maravilhosa que merece um grande título e a gente teve essa chance e por detalhes perdemos. Por isso considero a perda daquele título uma dor insuperável porque dói na alma lembrar”, justifica Edinho.

VIABILIDADE

Para Edinho Jacaré, muitas coisas ainda permanecem como no tempo em que jogava. “O que precisa mudar é forma de se pensar o clube. Não adianta começar um trabalho e não ter sequência por falta de estrutura, ou seja, sempre se monta bons times, se faz boas campanhas, mas não vai adiante. O Fluminense é viável, mas é preciso se fazer um trabalho a longo prazo para que os resultados aconteçam e quem tá no futebol sabe que os resultados não vêm assim, futebol é uma construção e os resultados são consequência. Enquanto não se mudar a concepção sempre teremos estes resultados aí”, afirmou Edinho Jacaré.

Por Cristiano Alves

TAGGED:
Compartilhe este artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *